Ao assumir o DECULT - Departamento de Cultura, da Secretaria de Educação, Cultura e Esporte, do município em
Conceição do Coité, Fredson Costa não acreditava que a cultura do município
fosse fomentada de cima para baixo. Trocando em miúdos ele não acreditava (e
não acredita) que a cultura se fizesse partindo do governo ou da secretaria do
governo responsável pela pasta. Para fomentar a cultura tem que partir da base,
de baixo para cima, ou seja, os fazedores de cultura que tem que dar as setas
para o caminho a ser trilhado, de modo horizontal: Sugerir, criticar, refletir e, no diálogo, construir
uma gestão inclusiva, participativa e democrática.
Pensando assim, o Governo pode
ter uma visão panorâmica da real necessidade e entrar com a estrutura e coordenação
para que a gestão cultural não seja apenas um espaço de evento, e sim, um veículo
de fomento, revitalização, fortalecimento e circulação das artes integradas e
da cultura popular de Conceição do Coité. Logo, um celeiro de aprendizado onde
se colha frutos a curto, médio e longo prazo, objetivando uma política cultural
coadunando com uma rede de cultura solidária e sustentável, local e
territorialmente.
O primeiro passo foi reunir, numa
roda de conversa, os fazedores de cultura do município, ouvir suas queixas, suas
vontades e anseios. Conta-nos Fredson, que ao perguntar a certo artista local o
que era o departamento de cultura para ele, ouviu uma contundente resposta. “
NUNCA HOUVE, NÃO HÁ E NEM HAVERÁ...”
Fredson não se deixa intimidar e
continua ouvindo os fazedores de cultura de coité e vai a campo fazer um
mapeamento mais preciso da real necessidade do município.
Após este levantamento feito, Fredson Costa, que estar
Diretor de Cultura desde janeiro de 2015, em tempos de recessão e/ou crise
internacional, atingindo o Brasil, a Bahia, dispondo de poucos recursos financeiros por parte do Governo Municipal para
gerir o DECULT usou de criatividade para res-significar e encontrar alternativas
para estruturação do tecido cultural coiteense. Assim sendo, resolveu fomentar
a Cultura com a estrutura que o município lhe oferecia sem onerar custos aos
cofres públicos. O que fazer então? Nossa equipe conversou com Fredson que nos
contou em detalhes como procedeu.
FREDSON, COMO FAZER CULTURA SEM
NENHUMA VERBA FIXA MENSAL NA SUA DIRETORIA?
O primeiro passo, que a gente deu, após
algumas conversas com o pessoal, que fazia cultura no município, foi a
Setorização de Núcleos.
COMO ASSIM?
O DECULT resolveu dividir em
grupos, para ter uma visão de gestão mais detalhada de cada necessidade, e
também reunir pessoas que fossem participativas.
ATÉ AI O GOVERNO NÃO ENTRA EM NADA... CERTO?
Entra porque o Governo tem a mim, tem a equipe DECULT. Mas a metodologia da gente (equipe DECULT) é outra. É justamente fazer com que os núcleos apontem
setas, caminhos, e eu desejava que eles elaborassem o que fazer, o governo
entraria em como fazer através da minha pessoa enquanto diretor do DECULT, em consonância com os sujeitos organizados dos núcleos. Foi
ai que, após estes núcleos formados, eu sentei, juntamente com a equipe gestora, com os segmentos nucleados em linguagens artísticas e formamos o Colegiado de Cultura de Coité, via eleição aberta e dialogada.
E QUAL O PAPEL DESTE COLEGIADO DE CULTURA AQUI EM COITÉ?
É de suma importância para a
revitalização, o fortalecimento e o empoderamento dos grupos artísticos e dos
fazedores culturais coiteenses, e o que é melhor: Estamos trabalhando em
consonância com o MINC – Ministério da
Cultura e a SECULT - Secretaria de Cultura do Estado da Bahia, e isso
converge com o Sistema Municipal, Estadual e Federal de Cultura. Portanto, um
alinhamento político-cultural.
CITE-NOS UM
EXEMPLO DESTE ALINHAMENTO: UNIÃO – ESTADO - MUNICÍPIO.
O Sistema de Cultura municipal converge com as nuances dos sistemas nacionais (MINC) e o estadual (SECULT-BA). E o Plano de Cultura local, bem como a gestão da política cultural, busca trabalhar nesta perspectiva conjuntural (Coité - Bahia - Brasil: DECLT - SECULT-BA - MINC). Tudo isso sem perder de vista a sustentabilidade e a circulação artístico-cultural, dentro de um propósito de consolidação de uma rede solidária entre os municípios do Território do Sisal e entorno.
O intercâmbio cultural nas dimensões inter-territoral, estadual, nacional e até internacional é outro estratégia de médio e longo prazo, em nossa gestão. Por exemplo, hoje estamos prontos
a EXPORTAR/IMPORTAR artistas do nosso Território do Sisal e até mesmo de outros
territórios de identidade da Bahia, do Brasil, e quem sabe do mundo. Inclusive fora do
país, como foi o caso da vinda do Rodrigo Diaz, argentino e arte-educador
musical, que veio fazer um intercâmbio cultural em nosso município nas escolas
públicas, na OSA (Orquestra Santo Antônio), com o apoio da ONG CPECC (Centro de Promoção da Educação, da Cultura e da Cidadania).
E mais, estamos preparados para
receber os de “fora”. Fortalecendo uma rede de gestão compartilhada e solidária,
pensando o global e agindo de modo local e sustentável, visando uma unidade na
diversidade.
VOCÊ TEM APENAS UM ANO
(incompleto) A FRENTE DO DEPARTAMENTO, PORÉM PERCEBEMOS UMA SÉRIE DE EVENTOS
CULTURAIS QUE ACONTECERAM EM COITÉ DURANTE ESTE CURTO PERÍODO DE ATUAÇÃO. ANTES NÃO SE VIA COM FREQUÊNCIA ESTAS
ATIVIDADES PORQUE, FREDSON?
Olha não devo adentrar nos méritos
dos meus antecessores, mas quero deixar claro que para fazer a cultura
acontecer em qualquer governo o Secretário, Diretor, Chefe, Responsável, ele ou
ela precisa ser Gestor e não somente artista, ou obter o cargo de confiança
apenas. Porque o artista faz a arte por um aspecto do seu contexto cultura. E quem direciona? Há de se ter este bom senso.
EXISTE FUNDO DE CULTURA NO
MUNICÍPIO DE COITÉ?
Sim, existe, virtualmente. Porém precisa ser
reorganizado. Nós começamos este ano a organizar primeiro o Fórum Permanente de
Cultura, tendo em vista a criação dos Núcleos Setoriais de Cultural,
consolidação de um Colegiado e, por conseguinte, a reativação do Conselho de Cultura
de Conceição do Coité. Criamos um novo formato e entramos com um projeto de lei
na Câmara dos Vereadores, através do poder executivo, que tem a previsão de ser
votado nesta quarta-feira, próxima dia 16/12, às 19hs. Para depois traçarmos
novos rumos.
NA SUA VISÃO, O QUE VOCÊ ESPERA
DA CULTURA LOCAL?
A minha meta enquanto Diretor do
Departamento de Cultura, de acordo com a visão da nossa Secretária de Educação,
Cultura e Esporte, Perpétua Sampaio, é que exista, de fato, uma política de
cultura no município e que os núcleos estejam atuando com autonomia, formação
continuada e muita vontade e determinação pra chegar e fazer o novo acontecer,
sem perder de vista o tradicional.
VOCÊ CITA A SECRETÁRIA PERPETUA,
E O PREFEITO...?
Acredito que o Governo da Gente,
através do Prefeito Assis e da nossa Secretária Perpétua, acredita que as artes integradas e a cultura popular, uma vez sendo valorizadas, e aos poucos estamos valorizando mais e mais, podem ser a
fonte de sensibilização do ser humano, espaço de consciência, educação
libertadora, saúde, entretenimento e transformação social, enfim, lugar de
construção de artes e saberes, bem como a concretude da sonhada cidadania do sujeito
coiteense.