Geddel Vieira Lima é preso pela PF na Bahia...


Ex-ministro da Secretaria de Governo de Michel Temer, Geddel Vieira Lima (PMDB) foi preso nesta segunda-feira 3 pela Polícia Federal. O peemedebista, apontado por Joesley Batista como interlocutor de Temer após a prisão do ex-deputado Eduardo Cunha, foi preso em uma ação deflagrada no âmbito da Operação Cui Bono, que investiga desvios na Caixa Econômica Federal.

Segundo o Ministério Público federal, o ex-ministro estaria tentando obstruir investigações que apuram irregularidades na liberação de recursos do banco.  A prisão, diz o MPF, baseou-se em depoimentos recentes do doleiro Lúcio Bolonha Funaro à Justiça e nas delações do empresário joesley Batista, dono da JBS,  e de Francisco de Assis e Silva, diretor jurídico do grupo J&F, holding da JBS.

Segundo os procuradores responsáveis pela ação, o objetivo de Geddel seria evitar que Cunha e o próprio Lúcio Funaro firmem acordo de colaboração com o MPF. Para isso, dizem os investigadores, o ex-ministro tem atuado no sentido de "assegurar que ambos recebam vantagens ilícitas, além de 'monitorar' o comportamento do doleiro para constrangê-lo a não fechar o acordo".

Os investigadores basearam-se em mensagens enviadas recentemente, entre maio e junho, por Geddel à esposa de Funaro. O doleiro teria entregado à polícia diversas reproduções de conversas com o ex-ministro, identificado pelo codinome de "carainho". Nos diálogos, diz o MPF, Geddel sonda a mulher de Funaro sobre a disposição do doleiro em assinar um acordo de colaboração.

Além de Geddel, estão presos preventivamente no âmbito da Operação Sépsis Cui Bono a dupla Cunha e Funaro, o ex-ministro Henrique Eduardo Alves e André Luiz de Souza, ex-conselheiro do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). Cunha, Funaro e Alves são réus no processo que apurou o pagamento de propina para a liberação de recursos do Fundo de Investimento do FGTS para a construção do Porto Maravilha, no centro do Rio de Janeiro. 

Projeto de revitalização da zona portuário do Rio de Janeiro, o Porto Maravilha teria rendido significativos acordos de propina para Cunha e seu grupo político. Para permitir o desenvolvimento da construção civil na região do centro da capital carioca, a prefeitura comercializou os chamados Certificados de Potencial Adicional de Construção.

Adquiridos com recursos do FGTS, os Cepacs passaram a ser negociados pela Caixa Econômica Federal. Fábio Cleto, ex-vice-presidente da Caixa, afirmou em delação premiada que 12 operações de grupos empresariais com aportes milionários do fundo envolveram propina a Cunha.

Empresários da Carioca Engenharia, uma das três empreiteiras envolvidas no consórcio de administração do Porto Maravilha, afirmaram à Justiça que Cunha cobrou 52 milhões de reais em propina para a liberação de verbas do FGTS para o projeto de revitalização portuária.

Leia a nota do MPF sobre a prisão

Em cumprimento a uma ordem judicial que atendeu a pedido da Polícia Federal e da força-tarefa Greenfield – que também é responsável pelas operações Sépsis e Cui Bono - , foi preso, nesta segunda-feira (3), o ex-ministro Geddel Vieira Lima. A prisão é de caráter preventivo e tem como fundamento elementos reunidos a partir de informações fornecidas em depoimentos recentes do doleiro Lúcio Bolonha Funaro, do empresário Joesley Batista e do diretor jurídico do grupo J&F, Francisco de Assis e Silva - sendo os dois últimos em acordo de colaboração premiada. No pedido enviado à Justiça, os autores afirmaram que o político tem agido para atrapalhar as investigações. O objetivo de Geddel seria evitar que o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e o próprio Lúcio Funaro firmem acordo de colaboração com o Ministério Público Federal (MPF). Para isso, tem atuado no sentido de assegurar que ambos recebam vantagens indevidas, além de “monitorar” o comportamento do doleiro para constrangê-lo a não fechar o acordo.

Na petição apresentada à Justiça, foram citadas mensagens enviadas recentemente (entre os meses de maio e junho) por Geddel à esposa de Lúcio Funaro. Para provar tanto a existência desses contatos quanto a afirmação de que a iniciativa partiu do político, Funaro entregou à polícia cópias de diversas telas do aplicativo. Nas mensagens, o ex-ministro, identificado pelo codinome “carainho”, sonda a mulher do doleiro sobre a disposição dele em se tornar um colaborador do MPF. Para os investigadores, os novos elementos deixam claro que Geddel continua agindo para obstruir a apuração dos crimes e ainda reforçam o perfil de alguém que reitera na prática criminosa. Por isso eles pediram a prisão “como medida cautelar de proteção da ordem pública e da ordem econômica contra novos crimes em série que possam ser executados pelo investigado”.

Com a prisão de Geddel, passam a ser cinco os presos preventivos no âmbito das investigações da Operação Sépsis Cui Bono. Já estão detidos os ex-presidentes da Câmara, Eduardo Cunha e Henrique Eduardo Alves, o doleiro Lúcio Funaro e André Luiz de Souza, todos apontados como integrantes da organização criminosa que agiu dentro da Caixa Econômica Federal (CEF). No caso de Cunha, Alves e Funaro, já existe uma ação penal em andamento. Os três são réus no processo que apurou o pagamento de propina em decorrência da liberação de recursos do FI-FGTS para a construção do Porto Maravilha, no Rio de Janeiro. Além deles, respondem à ação Alexandre Margoto e Fábio Cleto. 

Investigações

Geddel Vieira Lima é um dos investigados na Operação Cui Bono. Deflagrada em 13 de janeiro, a frente investigativa tem o propósito de apurar irregularidades cometidas na Vice-presidência de Pessoa Jurídica da Caixa Econômica Federal, durante o período em que foi comandada pelo político baiano. A investigação teve origem na análise de conversas registradas em um aparelho de telefone celular apreendido na casa do então deputado Eduardo Cunha.

O teor das mensagens indicam que Cunha e Geddel atuavam para garantir a liberação de recursos por vários setores da CEF a empresas, que, após o recebimento, pagavam vantagens indevidas aos dois e a outros integrantes do esquema, entre eles Fábio Cleto. Cleto, que ocupou por indicação de Eduardo Cunha a vice-presidência de Fundos de Governo e Loterias, foi quem forneceu as primeiras informações aos investigadores. Em meados do ano passado, ele fechou acordo de colaboração premiada com a Procuradoria Geral da República (PGR).

Em conversas datadas de 2012, por exemplo, os envolvidos revelam detalhes de como agiram para viabilizar a liberação de recursos para sete empresas e um partido político. Entre os beneficiados do esquema ilícito aparecem companhias controladas pela holding J&F, cujos acionistas firmaram recentemente acordo com o MPF. O aprofundamento dos indícios descobertos com a análise do conteúdo armazenado no aparelho telefônico apreendido permitiu aos investigadores constatarem intensa e efetiva participação de Geddel Vieira Lima no esquema criminoso. Além da prisão preventiva, a Justiça acatou os pedidos de quebra de sigilos fiscal, postal, bancário e telemático do ex-ministro.

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