Profissional da linha de frente no combate ao novo coronavírus na rede pública estadual do Amapá, o enfermeiro Evandro Costa Silva, de 42 anos, morreu anteontem de covid-19, em Macapá, horas depois de pedir ajuda em mensagem a colegas. "Vou falar aqui até apagar. Não tem como falar no pv [privado] de ninguém", disse o enfermeiro, por volta das 23h45 de quinta-feira (14). Logo depois, disse: "Vou morrer sentado agonizando aqui. Minhas mãos estão cianóticas, saturando 60 agora e sem assistência alguma". A última mensagem no grupo teria sido enviada a 0h30 de anteontem.
Evandro estava internado desde quinta-feira no hospital de campanha Centro de Tratamento Covid 2, montado pelo governo estadual para tratar somente casos suspeitos e confirmados da doença na cidade. Procurado, governo do Amapá -- responsável pelo centro de tratamento -- ainda não se manifestou. Evandro trabalhava na rede privada e no Hospital Estadual de Clínicas Alberto Lima (HCAL), local onde ficou internado pelo menos desde quarta (13), antes de ser transferido no dia seguinte para o hospital de campanha.
O UOL confirmou a troca de mensagens com dois amigos de Evandro. Um deles, que preferiu não ter ser nome divulgado, disse que trocou mensagens diretamente com o enfermeiro e que o colega afirmou que não estava em respiração mecânica em razão da falta de medicamentos sedativos usados para intubação.
O governo do Amapá não respondeu ao questionamento sobre a eventual falta de sedativo ao enfermeiro. Em nota enviada em 11 de maio ao UOL, o governo alegou, na ocasião, que "a compra [do sedativo] tem se efetuado de forma contínua, com decréscimo de alguns destes medicamentos que passam a ser escalonados para suprir a alta demanda". O governo ainda disse que o problema atinge "todos os estados".
Por: UOL
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