Incapacidade de reação de Dilma eleva chance de impeachment

PMDB avalia que presidente inviabiliza governo com seus erros

Por: KENNEDY ALENCAR / BRASÍLIA

Há um diagnóstico político que une o ex-presidente Lula, o presidente do Senado, Renan Calheiros, e senadores tucanos e peemedebistas: como a presidente Dilma Rousseff não consegue liderar uma reação às crises política e econômica, isso aumenta a chance de impeachment nos próximos meses.
Dilma não criou nem uma rotina, como havia na época do mensalão, de reuniões diárias com um gabinete de crise. Centraliza tudo. Fala com um ministro sobre um assunto. Discute outro tema com outro.
A presidente está sem capacidade de reação. O ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, sumiu. O governo, que não tem força para aprovar nada no Congresso, virou um misto de confusão e paralisia. Um exemplo: foi nomeado um ministro da Justiça que o Supremo Tribunal Federal diz que não pode ficar no cargo se não renunciar à carreira no Ministério Público.
Tarefa difícil
O presidente do Senado, que tem sido, no PMDB, o principal aliado da presidente, ouviu ontem de Lula um pedido para tentar articular um acordo que baixe a temperatura da crise política e que ajude a encontrar saídas para a crise.
Renan foi conversar com a presidente Dilma e com senadores tucanos e peemedebistas. Será preciso ver se haverá, nos próximos dias, algum tipo de entendimento, pelo menos, para votar medidas no Congresso que possam amenizar a crise econômica. Do ponto de vista político, é mais complicado um acordo.
Apesar da disposição de atuar como bombeiro, o próprio Renan tem uma avaliação ruim da presidente, que se isolou e não tem pontes políticas. Para complicar, haverá manifestações contra o governo no domingo, o que poderá enfraquecer Dilma ainda mais.
No colo
Caciques peemedebistas dizem que, se for a voto, será aprovado o rompimento com o governo na Convenção Nacional do partido, no sábado, em Brasília.
Ciente disso, o vice-presidente da República, Michel Temer, trabalha para que não haja votação e que seja feito um acordo no qual o PMDB apenas diga que está observando os acontecimentos e que o partido fará o melhor para o país. Em outras palavras, será dada uma senha para liberar os deputados e senadores que queiram votar a favor do impeachment quando a oportunidade se concretizar em alguns meses.
A intenção de evitar um rompimento oficial se baseia na avaliação de que a presidente Dilma está se inviabilizando por conta própria e de que basta o partido deixar os fatos acontecerem para que a Presidência República caia no colo do PMDB com o impeachment da petista.
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